sábado, 15 de outubro de 2016

QUERO DE NOVO

Entre mesas redondas e de bares,
Entre corridas de táxi e de Uber,
Entre pesquisas linguísticas e políticas,
Encontra-se um NÓS!

Entre um "Meu Deus" e um "Cumpoca",
Entre o Recife e a (O)linda,
Entre OS "tapa" e AS "tapa",
Encontra-se um NÓS!

Entre mimos e super-heróis,
Entre o Antigo e o Novo,
Entre os contatos e as parcerias,
Encontra-se um NÓS!

Um NÓS que é plural,
Como as cores pintadas por Romero Britto.
Um NÓS que também é singular,
Como o desejo unânime de comer camarão.

- Warley Campos

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

RODOVIÁRIA



Quantas cores de olhos
E tons de cabelos,
Quantos sentimentos intensos,
Vindos de um mundo imenso.


Idiomas que se cruzam,
Sorrisos que se encontram,
Lágrimas que se jogam,
(A)braços que se soltam.


Passageiros com rotas bem definidas,
Esperanças do (re)encontro no tempo,
Buzinas que apressam a despedida,
Para da janelas ver-se a partida.


- Warley Campos

sexta-feira, 24 de junho de 2016

A PORTA DE ONDE VIVE A ESPERANÇA




São tantos que passam por essa porta...
Passam pais cujos filhos padecem,
E filhos cujos pais experienciam a fragilidade de seus últimos dias.
Ainda por essa porta, passam os profissionais da saúde,
Profissionais que carregam consigo a esperança,
Mas também diagnósticos que fazem os olhos se molharem.

São tantos que passam por essa porta...
Passam aqueles cuja vida foi devolvida,
E aqueles que, com o mínimo de ar, desfalecem lentamente.
Ainda por essa porta, passam os anjos que circulam pelos corredores,
Anjos como os maqueiros, os colaboradores da limpeza e os copeiros,
Anjos que se compadecem da dor do outro, mas também fomentam a confiança.

São tantos que passam por essa porta...
Por onde entram os que lutam pela vida,
Que lutam pela sua vida, mas também pela do outro,
Por onde saem aqueles com o sentimento de dever cumprido,
Aqueles com um futuro totalmente (re)traçado,
E aqueles que precisarão viver da fé.

- WARLEY CAMPOS

quarta-feira, 8 de junho de 2016

A FACE DE UM DESTINO

As nuvens se unem e vestem o mais expressivo cinza
O vidro da janela já está bordado com pingos d’água
Entre os paralelepípedos, está a água que não escorreu
E com o som do vento que sopra, as folhas dançam.

Aqui dentro, a lenha queimando na lareira estrala
O vapor do chá em minhas mãos viaja para minhas narinas
A casa que dantes vivia era sempre cheia,
Mas a que agora vivo
Parece ecoar meus pensamentos
E para onde foram todos?

Ah... Foram para as suas casas,
Partiram em busca dos seus sonhos,
Migraram-se para onde seus olhos apontaram,
Seguiram suas vidas.

Eu?
Ah... Eu vim para minha casa,
Cheguei até onde a vida me trouxe,
Segui a minha vida.

- Warley Campos

(DES)ESPERANDO PELO AMOR‏

Meu olfato aflora
Pois a terra anunciou
Chove lá fora
Pois o céu abençoou
O som da vitrola ressoa
E agora vejo que garoa
A música, a minh'alma, povoa 
E meu pensamento sem rumo voa
Meu coração, por você, espera
Pois o amor ainda impera
A saudade é mais severa
E o reencontro mais parece uma quimera.
- Warley Campos

CORAÇÕES (DES)LIGADOS‏

Lábios que se beijam
Olhos que se molham
Braços que se abraçam
Mãos que se apertam
Os minutos vão voando
A Maria Fumaça vai parando
As lágrimas pingando
A hora chegando
Os lábios se soltam
Os olhos se encharcam
Os braços se separam
As mãos agora acenam
A Maria vai saindo
A fumaça vai subindo
A saudade consumindo
E os corações se partindo
- Warley Campos

(VO)CÊ

Nos tempos de outrora,
Era Vossa Mercê.
Nos tempos de agora,
É apenas (Vo)cê.
Nos tempos de outrora,
O uso era real.
Nos tempos de agora,
O uso é geral.
Nos tempos de outrora,
Era um TU venerabundo.
Nos tempos de agora,
É um EU, um TU e TODO MUNDO.
- Warley Campos